sábado, 14 de janeiro de 2012

FERREIRA GULLAR: UM GRANDE POETA


José Ribamar Ferreira poderia ser qualquer brasileiro, como eu e você. Mas a diferença entre nós é que ele atende pelo nome de Ferreira Gullar. Poeta internacionalmente premiado, nasceu a 10 de setembro de 1930, em São Luís do Maranhão (Nordeste do Brasil), mas, como ele mesmo diz, considera-se carioca de coração.

Sobre seu pseudônimo, Gullar declarou: “Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é do meu pai, mas, como todo mundo no Maranhão é Ribamar, decidi mudar meu nome. Mudei a grafia. É um nome inventado, como a vida é inventada".

Autor de um dos lançamentos da editora, A Estrela e o Gatinho, o poeta conversa conosco sobre amor, identidade, gatos (que são a paixão de Gullar até porque um dos seus livros premiados é Um gato chamado Gatinho) e lógico, poesia. Sem esquecer é claro, de seu último prêmio jabuti que ganhou em 2011 como o melhor livro do ano de não ficção.

EC – Como foi seu primeiro contato com a poesia?

Gullar – Foi nos livros escolares, entre os doze e treze anos de idade. Logo depois, busquei me informar e ler os melhores poetas.

EC – E as fontes de inspiração? O amor?

Gullar – Sim, a primeira inspiração foi uma menina, chamada Terezinha e que morava perto de minha casa.

EC – O que o Rio de Janeiro representa em sua vida? Você é um pouco carioca de coração?

Gullar – São Luís é a cidade onde nasci e me criei, está dentro de mim, em minha voz, em meu corpo. Já o Rio é a cidade que escolhi para viver e que não trocaria por nenhuma outra.

EC – Como foi ser homenageado na última Primavera dos Livros?

Gullar – Não posso negar que receber homenagens é sempre bom, especialmente uma como essa.

EC – E os gatos? Sabe-se de sua paixão pelos felinos. Quais são as características desses lindos pequenos com as quais você mais se identifica?

Gullar – Sempre tivemos gatos aqui em casa,sobretudo por causa das crianças. Hoje, quando moro sozinho, o gato é minha companhia afetuosa. Ao contrário do que se diz, os gatos são afetuosos e gostam do convívio humano.

EC – Como foi ganhar mais um Prêmio Jabuti e ser indicado para o Nobel de Literatura? Muita emoção?

Gullar – Já ganhei o Jabuti duas vezes em 2000; primeiro, por meu livro de poemas Muitas Vozes e depois pelo de crônicas Resmungos. É sempre gratificante já que escrevemos para os outros, e os prêmios são o reconhecimento de que chegamos lá. Ser indicado para o Nobel me deixou surpreso. Jamais sonhara com isso. Entendo que há pessoas que se apaixonam pelo que escrevo.

EC – Qual é seu livro de cabeceira, poeta?

Gullar – Não tenho. Já tive alternadamente, alguns, ora de poesia, ora de ficção, ora de filosofia ou de história. Hoje, o rodízio é permanente.

EC – O que é poesia para você?

Gullar – É a descoberta pelo espanto. A poesia não explica nem revela a realidade: inventa-a. Ela existe porque a vida é pouca.

EC – Como tornar-se um poeta ? Ou já se nasce um?

Gullar – O cara nasce poeta. Tem que, depois, se empenhar na qualidade e no aprofundamento da expressão poética, mas poeta é vocação. Aliás, jogador de futebol também, cozinheiro também, ladrão também...

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